sexta-feira, 17 de julho de 2009

But I'm still haven't found what i'm looking for

Por partes, acredito que a primeira coisa que preciso dizer é que acho que, finalmente, encontrei o que procurava. Esta frase é ridiculamente pretensiosa e eu não vou me ocupar em dizer que não deveria estar divagando a respeito disso mas é inevitável. Eu não me sentia bem com tanta correria, clamava aos quatro cantos que minha vida profissional era a quarta colocada na minha lista de prioridades e que não me parecia razoável, então, perder 80% do meu dia nela. Ratifico meus argumentos e poderia recheá-los ainda mais se minha vibe não tivesse mudado, Mas eu jamais poderia fazer isso agora.
Isso porque, de tanto reclamar e me questionar sobre meu caráter vaselina, futuquei, futuquei e encontrei sabe Deus aonde força para mudar de novo. Mais um ano se passou, mais um emprego ficou para trás. Por enquanto nenhum arrependimento, mas sim, muitas dúvidas.
Mais uma vez, poderia dissertar filosoficamente sobre todas elas, mas vou me ater a apenas uma que hoje me corroe o dedo mindinho: Vou eu me acostumar com tanta serenidade? Arrisco um bolão para saber aonde irá parar minha energia acumulada que 10 anos em um me fizeram acelerar. Volto a fumar? Comer? Academia? Insônia? Aposto meu cofrinho na última opção. Até porque são 1:45hs e cá estou eu, apostando com leitores que sequer tenho. Não gosto de riscos. Se aposto, só quando minhas chances são efetivamente altas.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Desentupi a Privada

“O que está acontecendo? O mundo está ao contrário e ninguém reparou...” Este, dentre milhões de bonitos pedaços de músicas e textos, é disparado o que mais repito na minha vida. De tempo em tempo, quando tenho crise de consciência me pego surpresa, olhando em volta e procurando alguém tão absolutamente perplexo quanto eu, qualquer sinal de que eu não sou apenas uma chata reclamona mas alguém que procura ver a vida com justiça e que não suporta admitir que o mundo não é o que deveria ser por direito. Porque não seria se as pessoas que o fazem entendessem que não é preciso se adequar a ele sempre, que as vezes ele pode sim, se adequar a você, porque não? É como o menino que joga a latinha de coca cola na rua ao andar de bicicleta mesmo tendo passado por uma lixeira há meio minuto atrás. Quando ele crescer vai chover bem forte um dia, as ruas vão se alagar, o trânsito vai parar, vai entrar água no carro dele e ele vai perder um negócio por não chegar a tempo em uma reunião. “A infraestrutura dessa cidade é uma merda!” É? O que mais é uma merda para você? Como anda a sua memória? Porque os fatos tomam as proporções catastróficas inimagináveis, porque você consegue se adaptar tão bem depois de uma crise horrorosa de humilhação e de falta de incentivo?
Uma luz no fim do meu túnelzinho particular se acendeu essa semana e eu descobri que ele é todo pichado. Eu achava que ele era feito de ladrilhos, como na música de criança. O que aconteceu foi que as pedrinhas prenderam meu salto 15 e ele se quebrou e eu tive que continuar manca, olhando todo aquele lixo e me perguntando porque mesmo eu conseguia achar aquilo bonito? Era medo de ver a feiúra? Era medo de que alguém visse a minha feiúra? Ou era medo de, por um segundo, deixar de ser preguiçosa, pegar uma merda de uma tinta branca, atirar nas paredes e atacar de gentileza? Pouca gente sabe quem foi Gentileza. Ele morreu velho, barbudo, pobre e, até onde eu sei, sozinho e foi imortalizado nas paredes do Rio de Janeiro (as que não foram pintadas de cinza ou pichadas depois) e na voz da Marisa Monte. Eu não tenho a menor idéia se ele foi feliz ou não, mas tenho a certeza de que ele fazia algo que muito amava.
A partir daí, me pergunto:Cada pessoa deve ter a medida dentro de si para saber o que realmente importa para si? Ou isso é utópico, as pessoas são mesmo ordinárias e alguns poucos extra fazem essa diferença no mundo?

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Experimentando a sensação de merdas públicas

-Não é tanto assim! Na verdade, se você parar para reparar, nosso inferno começou há 15 dias, antes disso não tínhamos problema algum!
-Hã?!
Então é só eu??? Na verdade, eu poderia entender uma certa histeria de minha parte se conseguisse olhar em volta e enxergar satisfação. Qualquer pessoa é capaz de transformar o ambiente a sua volta em um inferno quando não está satisfeita, certo? Mas não foi! O processo foi de fora para dentro, foi clima ruim, foi medo e decepção, foram pessoas pedindo um pouquinho de atenção, querendo seu trabalho reconhecido.
Isso não tem a ver com a hora trabalhada, com o almoço perdido e muito menos com a quantidade de refação. Somos publicitários, trabalho enlouquecido faz parte do nosso DNA e é mentira dizer que não existe uma pontinha de prazer em todo esse desespero, essa corrida contra o tempo, essa batalha muda para quem trabalha mais e está mais cansado. Ficar sem ter o que fazer nos enlouquece e nos mata de tédio. Quem realmente sofre com isso, muda. Simples assim (!!), é como um médico viciado em seus plantões. Ok com isso, gente, pelo amor de Deus!
No fundo todo publicitário gosta desse ambiente cool de trabalhar de noite, não ter hora para sair e se fazer de coitado porque não consegue ver a família. Algum de nós tentou um concurso público (ou insistimos nele?).
Se essa fosse a questão, se esse fosse nosso único problema, seríamos felizes. Mas o que vejo está longe dessa dependência enlouquecida pela ausência de vida. Estaríamos todos compensando algo???
O que vejo são pessoas que queriam reconhecimento, assim como eu, todos eles, queriam apenas uma unidade, alguém que entendesse que não se dá o sangue à toa, que o que se faz vale muito e que temos mais orgulho disso do que o que fazemos em nossa vida particular. Porque isso é nossa vida, deus do céu! São horas, muitas horas, lendo mais de 200 e-mails por dia, não importa de você é assistente ou gerente, sua caixa não comporta tanto pedido, sua memória não suporta tanta informação e sua astúcia não permite ausência de erros.
Então porque todos esquecem, assim como num passe de mágica, o quanto sofrem com essa falta de talento e de reconhecimento? Só porque uma migalha de compaixão foi apresentada? Esse amor é muito maior do que eu poderia conceber!
Fico me perguntando se assim o é para mim. Acredito que não e fico transtornada de saber como as pessoas conseguem ser ingênuas mesmo tendo consciência de que eu sou a princesa desse reino. Deve ter um pouco de auto punição nessa brincadeira toda.
Peço desculpas públicas por não ter conseguido não expor essa ferida. Por ter deixado todos e a mim própria com a bunda de fora, com nossas fraquezas, tão comuns, abertas, para qualquer um colocar o dedo e não deixar cicatrizar.
Tive uma decepção cruel e falsa. Sei que na verdade isso não tem nada a ver com os outros mas comigo mesma, que precisava que as pessoas de sentissem traídas da mesma forma que eu. Repetindo eu, novamente, naquela bendita mesa de bar: não se pode exigir dos outros o que você é capaz de suportar. Porque eu exijo que eles sejam tão fracos quanto eu e sucumbam a essa falta de sentido de vida? Porque não pode parecer mais leves para eles do que para mim? Porque não pode ser suportável? Eu não me imaginava tão egocêntrica e agora não consigo mais sair dessa mão de baralho falida.
Não me canso de passar pela vida pedindo desculpas aos outros pela minha mania de sofrer a dor alheia – sem que ninguém me peça isso, sem que ninguém, sequer, queira reconhecer que alguma coisa possa efetivamente doer dentro de si. Que merda de pessoa sou tentando arrumar problema para os outros? Porque eu não consegui deixá-los em paz?