domingo, 26 de dezembro de 2010

Uma mensagem de Natal

Vendo TV no dia do Natal em um improvável programa no Sportv vi a chamada de uma matéria que me chamou a atenção: Menina que foi obrigada a parar de estudar balé aos 10 anos porque o pai não podia arcar com os estudos, cresceu e se tornou uma humanitária que se dedicava a proporcionar um destino diferente as meninas que queriam estudar a dança.
Na chamada da matéria ela se emocionava ao lembrar dos motivos que a impediram de dançar e me pareceu que esta seria a matéria de natal do programa, aquela clássica que se chama o programa inteiro tentando prender o espectador quando nenhuma pauta efetivamente prende ninguém.
Não vi a matéria. Na verdade, deixe que eu me corrija, não foi a matéria que me chamou a atenção mas sim o pensamento que me veio a cabeça quando a vi.
Talvez, em algum outro momento da minha vida eu teria me emocionado com a história ou, ao menos, pensado "puxa! essa pessoa pelo menos tenta fazer alguma diferença nessa vida." Mas, incontrolável como toda e qualquer boa idéia (Logo me vem "A Origem" na cabeça me lembrando que uma idéia é a maior das forças de transformação que temos conhecimento) me peguei pensando no infeliz do pai desta menina, tendo que tirá-la do balé por falta de grana. Claro que estou partindo do pressuposto romântico de que o pai não queria fazer isso, de que ele era uma pessoa super preocupada com o bem estar e sentimento da filha e que era apenas mais uma vítima social impossibilitado de oferecer a ela tudo o que gostaria.

Talvez nem todos os pais do mundo sejam iguais e nem todos sofram quando não podem oferecer a seus filhos o que faz seus olhinhos brilharem. Por conta disso, não posso afirmar que todos vocês me entendam. Mas tenho certeza de que a maioria sim porque estou cada dia mais convencida de que é por isso que a gente põe filho no mundo: para tentar levar para eles tudo o que não pudemos ter - forma de se auto convencer que ainda há chance - junto com uma forma de lhes mostrar tudo o que pudemos ter - forma de agradecer aos que nos proporcionaram. É uma forma de nostalgia misturada com otimismo, um sentimento muito bonito na verdade e também muito difícil de lidar. Vira vilão quando esquecemos que a vida dos pequenos não é a nossa e que talvez, eles não se interessem pelo o que a gente ache fundamental.

De qualquer forma a gente quer ser o melhor. Não só os melhores pais, de filhos bonitos, inteligentes e com estrutura emocional. A gente precisa que eles entendam o quanto os amamos e o quanto respeitamos suas necessidades. Sendo assim, quando precisamos dizer o bendito não por algum motivo alheio as nossas vontades, dói lá dentro, mais até do que se o não fosse dito para nós mesmos.

Ninguém disse que seria fácil mas pensar sobre isso de uma certa forma me consola e me mantém menos rígida em relação às várias negativas que ainda terei que dar aos meus filhos. Me faz lembrar que não sou nenhum deles e que, novamente me comparando, se estou tendo a chance de rever todos os meus fracassos e expectativas frustadas com eles, o mesmo poderá acontecer quando eles se tornarem adultos. O importante é ter a certeza dentro de mim que mesmo quando a vilã sou eu, ainda estou do lado deles para consolá-los e fazê-los entender que nem tudo na vida sai do jeito que a gente quer.

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